Fabiana Magalhães Dias
Professora Português/Inglês
Atualmente leciona "Hora da Leitura" na Oficina Pedagógica da Escola Estadual de Tempo Integral Profº Roberto Veltre
A variação na concordância de número no português do
Brasil tem sido bastante estudada pelos lingüistas. As primeiras pesquisas
constataram que a ausência de concordância pode ser encontrada, principalmente,
na fala de indivíduos com pouca escolarização.
Esses estudos sobre fenômenos variáveis no Brasil baseiam-se nos
princípios teóricos e metodológicos da teoria da variação lingüística
laboviana. Sob essa perspectiva, a língua é um sistema variável, indeterminado
e não fixo, ou seja, apresenta variação e a sua configuração estrutural se
altera continuamente no tempo (princípio da mudança). Essas “mudanças” que
ocorrem na língua, segundo Labov (1983 apud MOLICA; BRAGA, 2003),
atingem somente partes e não o todo da língua, de forma gradual.
Sendo assim, a teoria sociolingüística estuda a variação e/ou mudança
lingüística. Seguindo essa teoria, os sociolinguistas coletam dados de falantes
de determinadas comunidades, separando-os de acordo com sexo, idade e nível
sociocultural. Depois disso, descrevem as regras variáveis do sistema
lingüístico a partir de fatores lingüísticos e extralingüísticos. A
sociolingüística veio demonstrar que os “erros”, na fala e na escrita, não
passam de um mito, sem base em dados reais.
Labov (1983 apud MOLICA; BRAGA, 2003), o “fundador” da
Sociolingüística Quantitativa (teoria da Variação e Mudança Lingüística), cuja
abordagem busca estabelecer correlações entre grupos sociais e variedades de
uso lingüístico e captar nas bases sociais a direção da mudança, afirma que,
nos diversos estudos empíricos que realizou, a grande maioria dos enunciados é
constituída de frases corretamente bem formadas segundo todos os critérios.
Assim sendo, sob o olhar da sociolingüística laboviana, a probabilidade de que
alguém produza uma sentença agramatical é quase nula.
Especificamente, voltando-se para o tema desta
pesquisa, observamos que existem vários trabalhos que envolvem análises da
concordância no sintagma nominal. Os primeiros estudos foram feitos por Braga e
Scherre (1976), quando analisaram dados de sete falantes residentes no Rio de
Janeiro, de classe social e procedência geográfica distintas. Depois, Braga
(1977) desenvolveu sua dissertação de mestrado analisando a fala de sete
indivíduos de classe média e baixa do Triângulo Mineiro. Em 1978, Scherre,
também para o desenvolvimento da sua dissertação de mestrado, analisou dados de
10 falantes da área urbana do Rio de Janeiro, seis semi-escolarizados, alunos
do Movimento Brasileiro da Alfabetização (MOBRAL), três universitários e um com
11 anos de escolarização. Em 1988, Scherre aborda essa o tema novamente e
desenvolve sua tese de doutorado, reanalisando a concordância nominal a partir
dos dados do Corpus Censo do PEUL.
Essas pesquisas mencionadas são apenas algumas, entre
tantas outras que foram e ainda são desenvolvidas sobre o fenômeno da
concordância. Todas elas buscam aprofundar e evidenciar que o fenômeno da
variação na concordância de número no português do Brasil está longe de ser
restrito a uma região ou classe social específica, sendo característico de toda
a comunidade brasileira. Dos trabalhos realizados até o momento, pode-se
constatar que o fenômeno da variação de número no Português Brasileiro
(doravante PB) pode ser caracterizado como um caso de variação lingüística inerente,
tendo em vista que ocorre em contextos lingüísticos e sociais semelhantes.
REFERÊNCIAS
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SCHERRE,
Maria Marta Pereira. Doa-se lindos filhotes de poodle: variação
lingüística, mídia e preconceito. São Paulo: Parábola, 2005.
ola tudo bem gostei muito das fotos e da festa que teve na escola Roberto Veltre e os Professores e diretora que preparou tudo isso para a nos e alunos eu estou muito feliz Professores são muito legais eu adorei ass.iara fernanda borges
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